Orquite é o nome dado ao processo inflamatório que acomete os testículos. A doença é
provocada pela ação de microrganismos, como o vírus da caxumba e algumas bactérias
presentes em infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A inflamação pode ter
manifestações agudas ou se tornar um quadro crônico, com efeitos negativos na fertilidade
masculina.
Os testículos são as gônadas do homem, isto é, são os órgãos responsáveis pela produção dos espermatozoides — células necessárias para o processo de reprodução humana, em união com os gametas femininos (óvulos).
Outra importante função testicular é a produção de testosterona, principal hormônio
masculino, essencial para o desenvolvimento de características sexuais secundárias, como:
estrutura óssea e muscular; pelos faciais e pubianos; tom de voz mais grave etc.
Localizados na bolsa escrotal, fora do corpo, os testículos se mantêm mais protegidos de
infecções que os demais órgãos do trato genital. Portanto, trata-se de uma condição que se
desenvolve com menor incidência de forma isolada. Na maioria dos casos, a epididimite
(infecção nos epidídimos) se alastra até os testículos, dando origem à orquiepididimite.
Como a orquite é causada?
Em crianças e adolescentes, a orquite é principalmente causada pelos vírus de caxumba e
rubéola. A infecção ocorre por via hematogênica e pode se desenvolver de forma unilateral ou bilateral. Varicela, echovírus e citomegalovírus também são possíveis causas virais de orquite isolada.
Em homens com vida sexual ativa, as orquites ou orquiepididimites associadas a ISTs são
comumente causadas pelas bactérias de gonorreia, clamídia e sífilis. Nas orquites bacterianas
não transmitidas sexualmente, são encontrados microrganismos associados às infecções do
trato urinário, como Escherichia coli, Klebsiella, Staphylococcus e Streptococcus.
Dentre os fatores que aumentam o risco para orquite, estão:
falta de imunização contra caxumba;
problemas imunológicos;
comportamento sexual de risco (relações sexuais desprotegidas e multiplicidade de
parceiros(as);
história preexistente de epididimite.
Quais são os sintomas de orquite?
Quando se estabelece em caráter crônico, a orquite pode ser silenciosa, de modo que o
homem dificilmente desconfia da doença e procura tratamento, chegando ao diagnóstico
somente durante a investigação da infertilidade. Já no estágio agudo, os sintomas mais
comuns são dor, inchaço e sensibilidade nos testículos, assim como possíveis episódios de
febre e mal-estar.
A orquite nem sempre tem graves repercussões na saúde do homem, mas algumas
complicações estão associadas à essa infecção, por exemplo: atrofia testicular; acúmulo de
líquido nos testículos (hidrocele); abscesso escrotal; deficiência na produção de testosterona
(hipogonadismo); infertilidade.
Como é feito o diagnóstico de orquite?
O diagnóstico de orquite geralmente é baseado no histórico clínico do paciente e nos achados do exame físico. Análises laboratoriais, incluindo amostras de sangue, urina e secreção uretral, são úteis para identificar microrganismos e descartar infecções urinárias.
A ultrassonografia da bolsa escrotal com Doppler colorido é indicada para pacientes com dor
aguda, devido à importância do diagnóstico diferencial, considerando sobretudo torção
testicular. O espermograma — ferramenta de análise seminal — também é solicitado quando o homem tem o objetivo de engravidar sua parceira.
Quais são os tipos de tratamento para orquite?
O tratamento de orquite é simples e baseado primeiramente em intervenção medicamentosa,
de acordo com o patógeno identificado. Terapias de suporte também são recomendadas para alívio de sintomas agudos. Por sua vez, a reprodução assistida é indicada em casos de
infertilidade masculina.
Tratamento medicamentoso
Os antibióticos são prescritos em casos de orquite bacteriana. Os resultados dos exames
direcionam a escolha do fármaco para um tratamento pontual e efetivo. As bactérias entéricas, como as que estão associadas a infecções urinárias, podem ser combatidas com
fluoroquinolonas — grupo de fármacos antimicrobianos.
Diante da suspeita de orquite causada por IST, o tratamento inclui o uso de antibióticos como
azitromicina, ceftriaxina ou doxiciclina. Nesse caso, a medicação deve ser estendida às pessoas que se relacionam sexualmente com o paciente.
Dentre as medidas complementares, o paciente pode fazer uso de analgésicos, compressas
quentes ou frias, suporte escrotal e repouso. Diante de sinais de sepse (infecção
generalizada), o tratamento requer internação hospitalar.
Reprodução assistida
A orquite é uma das causas de infertilidade masculina, uma vez que está associada a prejuízos na produção de testosterona e, por consequência, na espermatogênese (produção de espermatozoides). Em casos mais graves, o paciente pode desenvolver um quadro de
azoospermia, termo referente à ausência de gametas no ejaculado.
Na reprodução assistida, o paciente com azoospermia passa por procedimentos microcirúrgicos de recuperação espermática, por meio dos quais é possível colher espermatozoides nos testículos ou epidídimos. Os gametas obtidos têm sua qualidade morfológica analisada e são
usados em tratamentos de fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de
espermatozoides (ICSI).
A FIV ICSI é um dos grandes avanços da medicina reprodutiva. Nessa técnica, cada
espermatozoide morfologicamente saudável é injetado em um óvulo também previamente
analisado.
Isso agiliza a formação dos embriões, os quais são monitorados em ambiente extrauterino nos primeiros dias, enquanto passam por clivagem (divisão celular). Após 3 a 6 dias de cultivo, os embriões são transferidos para a cavidade uterina.
É com esse complexo e controlado processo de reprodução humana que os pacientes com
diagnóstico de orquite, ou outros fatores de infertilidade, aumentam suas chances de ter um
filho.
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