As prostatites integram um conjunto de processos inflamatórios que se desenvolvem na
próstata — órgão do sistema reprodutor masculino, responsável pela produção,
armazenamento e secreção do líquido prostático, uma das substâncias que compõem o sêmen.
Há diferentes tipos de prostatite, com causas distintas e apresentações clínicas específicas.
Alguns quadros são assintomáticos e mais difíceis de detectar. Ainda que seja silenciosa, a
presença de inflamação pode interferir no funcionamento correto da próstata.
As prostatites são doenças benignas e não estão associadas ao câncer de próstata, mas
também necessitam de avaliação médica e tratamento, uma vez que o agravamento do quadro pode repercutir negativamente na fertilidade e na qualidade de vida do homem.
Quais fatores causam prostatite?
A prostatite pode ser causada por bactérias encontradas comumente no trato urinário, como
Proteus e Escherichia Coli. Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), principalmente
gonorreia e clamídia, também são causas potenciais, não somente de prostatite, mas de vários tipos de infecções genitais, como uretrite e epididimite.
A inflamação na próstata pode ainda ter origem não bacteriana, mas a etiologia desses casos
não é bem esclarecida. O refluxo urinário, decorrente de falhas esfincterianas e outros defeitos congênitos, é uma das possíveis causas. Homens com idade mais avançada, que já
apresentam a próstata aumentada, são mais suscetíveis a alterações urinárias e prostatite não bacteriana.
Quais são os tipos de prostatite?
As prostatites são classificadas em 4 tipos:
bacteriana aguda;
bacteriana crônica;
prostatite crônica não bacteriana/ síndrome da dor pélvica crônica (PC/SDPC);
inflamatória assintomática.
Cada quadro apresenta sintomatologia distinta. Ainda assim, o diagnóstico pela descrição dos sintomas é impreciso. Somente uma análise laboratorial pode identificar se há proliferação bacteriana ou apenas um processo de inflamação.
A PC/SDPC pode ainda se dividir em inflamatória ou não inflamatória, o que aumenta o desafio do diagnóstico correto. Sendo assim, esse tipo de prostatite é diagnosticado por exclusão dos demais tipos da doença, bem como de outras disfunções urológicas.
Quais são os sintomas de prostatite?
A prostatite bacteriana aguda manifesta sintomas mais intensos, incluindo:
área da próstata dolorosa e intumescida;
dor perineal que pode irradiar para o reto e região testicular;
dificuldades para urinar e evacuar;
secreção peniana;
febre e mal-estar.
Quadros de prostatite bacteriana crônica são marcados por manifestações recorrentes de
infecção. Os sintomas são semelhantes aos da doença aguda, embora menos intensos, o que
inclui sensibilidade na próstata, dor na região do períneo e alterações urinárias. Além disso, o
homem pode ter disfunções sexuais, como a dificuldade para iniciar ou manter uma ereção.
A PC/SDPC tem como principal sintoma a dor na pelve, mas também está associada a
obstrução urinária e dor durante a ejaculação. Já a prostatite inflamatória assintomática, como
o termo sugere, não apresenta sinais ou sintomas, mas é detectada em análises laboratoriais.
Como é a investigação diagnóstica de prostatite?
A investigação dos sintomas e o exame físico embasam o diagnóstico clínico e as análises
laboratoriais confirmam o tipo de prostatite em curso. O exame de toque retal é útil para
verificar alterações na próstata, como intumescimento e sensibilidade. Esses achados,
somados ao relato de dificuldades urinárias, sexuais e ejaculatórias, são indícios de
inflamação.
Os exames de urina incluem a urinálise e a urocultura. O primeiro detecta estados
fisiopatológicos do organismo, como os níveis elevados de leucócitos que revelam um quadro inflamatório. A urocultura, por sua vez, verifica se há crescimento bacteriano em uma amostra de urina e qual é o agente infeccioso.
A ultrassonografia transretal também pode ser solicitada para avaliar com mais precisão as
condições da próstata. Já o espermograma é necessário para constatar se a qualidade seminal foi prejudicada pela prostatite. Conforme os fatores de risco, o paciente pode realizar uma biópsia para descartar o diagnóstico de câncer.
Como as prostatites são tratadas?
O tratamento das infecções bacterianas é feito com medicamentos antibióticos, prescritos
conforme o tipo da doença (aguda ou crônica) e o patógeno presente. As prostatites não bacterianas são tratadas com analgésicos e anti-inflamatórios, com a finalidade de aliviar os
sintomas.
De acordo com as apresentações do quadro, o paciente pode recorrer a medidas
complementares, como banho de assento quente, massagens na próstata, uso de laxantes no
caso de dificuldades para evacuar etc.
A drenagem cirúrgica é feita quando o paciente desenvolve abscesso (acúmulo de pus) devido à infecção. Cirurgias para remoção da próstata raramente são indicadas em doenças benignas.
Contudo, o manejo cirúrgico é uma possibilidade a considerar quando a prostatite apresenta
sintomatologia intensa e não melhora com intervenção farmacológica.
Quando a reprodução assistida é indicada?
As técnicas de reprodução assistida são indicadas quando a prostatite se torna uma causa de
infertilidade masculina. Isso pode ocorrer, sobretudo, quando a infecção se espalha pelo trato
reprodutivo, alcançando outros órgãos, como os epidídimos — ductos localizados atrás dos
testículos, responsáveis pelo armazenamento e maturação dos espermatozoides.
Como resultado do processo inflamatório, é comum que se formem cicatrizes locais, obstruindo a passagem dos gametas, o que leva à ausência das células reprodutivas no ejaculado (azoospermia). Além disso, a prostatite interfere na produção do líquido prostático e, em consequência, pode reduzir a qualidade do sêmen.
Na reprodução assistida, os casais com infertilidade por fator masculino são indicados à
fertilização in vitro (FIV). Dentro desse tipo de tratamento, existem técnicas como o preparo
seminal, a recuperação espermática e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)
que superam as alterações provocadas pela prostatite e por outras doenças do aparelho
reprodutor.
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